segunda-feira, 28 de julho de 2014

Textura de areia, calor de UVA e gosto de sal

por G.C



É inverno, mas aqui os nativos comemoram sua localização privilegiada nos trópicos, o céu está limpo e o dia claro. Claro e convidativo a todos os desejos da canção. Ando mais alguns metros e já te avisto, sentada sobre a canga estirada na areia.

Me aproximo e você sorri, em poucos segundos já está pendurada em meu pescoço. A boca gelada contrasta com o corpo quente, choque térmico, um beijo com sabor de coque elétrico. A maciez da pele em algumas partes do corpo cede lugar para a textura da areia e os cabelos já molhados, deixam escorrer pequenos fios de água, um minúsculo rio entre suas costas qual atrapalho o curso com a palma das mãos.

Você volta ao tecido estirado, toma mais um gole da cerveja, rapidamente cumprimento outros e parto na direção do mar, mas o pensamento fica. Os olhos fitam a imensidão do azul, mas na cabeça a figura da sua pele marrom, do ouro sol e da mistura bronze que se origina dessa relação. As ondas atingem meus pés, vão e voltam algumas vezes em seu próprio ritmo descoordenado.

Você me lê a cabeça, se aproxima e de repente beija o meu ombro, não diz nada, acaricia minha pele e o toque é mais quente que os raios UVA. Eu te pego pelo braço e a partir daí passamos a construir as memórias mais frescas daquele dia. Seu corpo desaparecendo no azul, seu sorriso entre a espuma do mar, suas mãos no rosto ao emergir de um mergulho, o gosto do sal na sua pele.

Foi só mais um final de semana na sua vida, na minha, na longa existência do oceano, mas por um momento formamos os três a perfeita simetria. O suficiente pra eu guardar como um registro, um fragmento que define o que é amor.

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