domingo, 1 de dezembro de 2013

"Lo siento, perdona-me, te amo, gracias"



Demorei um mês quase inteiro para conseguir ouvir falar de novo do Devendra Banhart. Motivo: ele no Brasil e eu não. Não que eu estivesse fora do país, estava apenas fora da rota de shows, do eixo que tem capital e público, do ambiente propício a possibilidade "Devendra Banhart no Brasil" ser minimamente possível.

Mas não é lamentação, ou pelo menos não essa lamentação, o principal objetivo desse texto. Então, mesmo submersa num mundo virtual, mantive-me preservada à notícias, fotos, babados e confusões que pudessem remeter ao episódio quase inédito. O motivo não foi inveja dos que participaram da turnê, foi mais um mal estar por idealizar um momento que chegou na hora errada. De novo, o foco não é a pura lamentação, perdão.

Em novembro, algumas páginas da Revista TPM que mensalmente adquiro nas bancas mencionaram o que eu temia. Não somente a notícia do show, mas todo um perfil sobre o cantor e compositor escrito por minha jornalista favorita, com fotos de um dos meus fotógrafos prediletos. Terror! Passar pelas páginas era 'nostálgico', só a chamada da matéria já me destabilizava e a ciência da proximidade do cantor não me deixava nada confortável. 

O ttempo deu conta de levar o Devendra daqui e com ele os meus bugs também [I'm not insane, my mother had me test] e hoje, bem por acaso, li a matéria, aqui, na internet.

Na entrevista entre outras delícias, Milly apresenta a Devendra um mantra havaiano: "Lo siento, perdona-me, te amo, gracias". Rapidinho as palavras se encaixaram e fizeram total sentido desatando os nós do fim do ano.

Explico: Todo mundo tem mês onde tudo dá errado, nada caminha e todos os questionamentos do mundo batem a porta, coisa de fazer um "ser ou não ser" parecer fichinha. Alguns chamam isso de inferno astral e juram ser o mês que antecede ao seu aniversário, o meu eu chamo de Dezembro, e nada tem a ver com a astrologia, já que faço aniversário em Setembro.

Dezembro, fim de ano, uma falsa impressão de que todas as pessoas vão cantar hinos de natais com suas famílias enormes e depois vão comer e tudo vai acabar bem. Não é bem assim, a gente sabe que não. Família não vira família só por conta de um bom velhinho ou um menino numa manjedoura. Dezembro é só uma série de expectativas .RAR que não fazem sentido algum se descomprimidas, porque aí vira a mesma maré de questionamentos que temos em todos os outros meses...



Mas e o mantra? Aí é que tá. Além das pressões do Natal, a chegada de um novo ano também te obriga a planejar, confabular e se enganar um pouco fingindo que ano que vem vai ser tudo melhor. Não é que não vai, eu não o Grinch, só acho injusto as mudanças de toda uma humanidade erem que esperar dia 1º de Janeiro para começar.

Então fica assim, sem esperar um mês para isso, a partir de hoje meus planos, projetos e anseios vão ser simplesmente  "Lo siento, perdona-me, te amo, gracias" e deveriam ser do resto da humanidade também.

Ao fim da entrevista, Milly pergunta a Devendra o que as mulheres querem, ele responde: “Acho que querem consistência, honestidade, alguém que seja capaz de dizer com o coração: ‘Lo siento, perdona-me, te amo, gracias’”. Só. 

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