sexta-feira, 26 de abril de 2013

Quadrilha


Por Daniel Magri

Pensando naquele poema do Drummond:

“João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.”

A gente morre de medo de ser João, que é um coitado de um forever alone.

Ser Raimundo, já tem lá suas vantagens. Tem a Teresa ali, que vive enchendo nossa bola e dá pra ligar de madrugada, quando a balada não rende.

Tudo bem que a Maria só fala no Joaquim – aquele metidinho, que troca de carro todo ano. Mas depois de umas doses, ela bem que fica cheia de graça pro Raimundinho.

O duro é quando o Raimundo cisma de gostar da Lili. É muita areia.
Os mais chegados (e o João, que adora se fingir de entendido no assunto) vêm logo avisando:

“Sai dessa! Não é mulher pra você. Até o Joaquim – que é o Joaquim – já tentou e levou bota na festa da firma.”

Mas Raimundão é marrento, não foge à luta!

Começa a correr no Ibira, usar roupa da moda, entra pra um coletivo de arte, muda pra um flat, exibe seus dotes de músico de jazz…

Vendo tudo isso, Lili abre o sorriso mais lindo do mundo e diz:

“Raimundo, vai catar coquinho.”

E lá se vai Mundinho, perdido na noite, não sabendo se chora, se ri, se morre ou se resolve seguir seu sonho de ser goleiro da seleção de futvolei de Capivari.

Teresa! Se lave, que hoje vão lhe usar!

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